CRIANÇAS ARRASTADAS POR CARRO, ESPANCADAS, VIOLENTADAS, MORTES BRUSCAS COMETIDAS POR FAMILIARES....
Morte de Isabella Nardoni - Laudo deve apontar asfixia mecânica como causa
5 Abril, 2008
O laudo da morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, deve apontar como causa asfixia mecânica, apesar da queda de uma altura de cerca de 20 metros do sexto andar do prédio onde o pai mora, na Vila Mazzei. Nesta sexta-feira, a missa de sétimo dia da menina reuniu cerca de 800 pessoas. A mãe de Isabella, Anna Carolina Cunha de Oliveira, que hoje completa 24 anos, chegou cerca de uma hora antes, amparada pelo namorado e pelo pai e vestia camiseta com a foto da filha.
Peritos disseram à polícia que o estado de letargia (uma espécie de sono profundo decorrente de afecção do sistema nervoso central e de difícil e prolongada recuperação) provocado por asfixia pode durar até 20 minutos. Para quem não tem conhecimento técnico, poderia parecer que Isabella, antes de ser jogada do apartamento, estivesse morta. Segundo a polícia, o ferimento encontrado na cabeça da menina ocorreu antes da queda.
Isabela caiu no gramado do edifício London e morreu momentos depois. O Instituto de Criminalística (IC) revela que o buraco na tela foi feito por dois instrumentos: uma tesoura e uma faca.Para policiais envolvidos na investigação, isso pode demonstrar que houve pressa para se desfazer do corpo da menina. Marcas de sangue no parapeito e ferimento no queixo de Isabella levaram a polícia a constatar que a menina foi pendurada pelos pés e depois largada para queda livre. Isabella, como aparentam os indícios, estava desmaiada.
Antes de chegar ao gramado, Isabella bateu no parapeito e também com as costas em um arbusto. Segundo o IC, há marcas de sangue na fachada do prédio, abaixo do parapeito do sexto andar, como se as mãos da menina, soltas, arrastassem na parede.
A polícia científica também descartou a possibilidade de Isabella ter cortado a tela sozinha. O buraco foi feito meio metro acima do parapeito, impossível de ser alcançado por uma criança. A altura do corte, que foi horizontal, poderá ser comparada à altura de Nardoni e de Anna Carolina. Para os peritos, a altura poderá ajudar a chegar ao executor do crime.
Marcas de sangue foram verificadas no carrinho de bebê instalado no Ford Ka da família , no banco traseiro do veículo e na fechadura da porta no lado do motorista. Também havia vestígios de sangue no elevador, na parte interna da porta do elevador no sexto andar do prédio, no saguão de entrada do andar, no quarto dos irmãos de Isabella e na tela de proteção do parapeito do apartamento. No quarto dos meninos foi encontrado um fragmento semelhante a osso.
Especialistas sugerem cautela
Para especialistas, é preciso ter cautela na investigação.
O criminalista Roberto Delmanto Júnior afirma que não é necessária a prisão temporária do casal, que tem endereço fixo. Para preservar o local do crime, segundo ele, bastaria que a polícia interditasse o apartamento.
Alexandre e Anna Carolina estão presos em delegacias diferentes. Ela está no 89º Distrito Policial (Morumbi) e ele, no 77º Distrito Policial (Santa Cecília). O advogado do casal deve entrar com pedido de habeas corpus na segunda-feira para que os dois aguardem a investigação em liberdade. Marco Polo Levorin disse que seu cliente negou ter visto o agressor da filha dentro do apartamento, como afirmou um policial militar que atendeu a ocorrência.OGlobo